quarta-feira, 14 de julho de 2010

Eu estava sozinha em casa. Minha mãe trabalhando, meu pai (ele, um administrador / ciclista nas horas vagas, está estudando arquitetura) e meu irmão na faculdade. Deitada na minha cama, embaixo das cobertas, eu ouvia a lista "B" do meu iPod, num volume bem baixinho. As luzes estavam apagadas. As janelas, abertas; mas lá fora já estava escuro. Mesmo assim, eu podia ver a silhueta da minha cadeira e da escrivaninha, e conseguia ver a piscina e as araucárias lá de fora, por meio daquela visão meio zumbi que a gente tem, quando fica de olho aberto por muito tempo no escuro.
De repente, ouvi o barulho da porta da frente se abrindo. Era provavelmente minha mãe. Me lamentei. Não queria que ela estragasse aquele meu momento de estou-curtindo-minha-solidão.
Eu podia ouvir ela subindo as escadas. Ela estava se aproximando de meu quarto. Então, abriu a porta. Eu fingi estar dormindo. Ela me deu um beijo, voltou a fechar a porta do meu quarto, e foi embora. Nem ao menos fechou as persianas.
Quando percebi que ela não ia mesmo voltar, re-abri os olhos. Começou a tocar Leona Naess no meu iPod. Olhei as luzes discretas que iluminavam tudo lá fora. Olhei para a parede do meu quarto. Me cobri até o pescoço, me enrolei que nem uma múmia e fiquei ali, deitada. Nem dormindo, nem acordada de verdade.
E daí eu pensei. Será que é verdade?
Is happiness only real when shared?

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