sábado, 26 de fevereiro de 2011

"Abstratas" é o melhor adjetivo que encontro para descrever minhas quatro últimas tentativas de escrita. Em minha cabeça, tudo tem parecido tão confuso. Parece que todos os meus pensamentos e ideias estão inosados, tão bagunçados quanto meu quarto quando deixo roupas se empilharem em cima da cadeira e bolsas se amontoarem, jogadas no chão. Como minha mãe costuma dizer quando o quesito organização-do-quarto é meio ignorado esquecido por mim, parece que um furacão passou por aqui.
Desta vez, o furacão em questão se chama viagem-de-um-mês-da-minha-psicanalista, e até que conseguiu manter meu quarto organizadinho. Minha cabeça, porém, está de cabeça para baixo (e essa frase não soou certa), e sinto uma falta danada das minhas consultas semanais.
Passar um mês sem a psicanalista que frequento a mais de um ano está sendo, no mínimo, curioso. Ao mesmo tempo que sinto vontade de "ser independente", de não sentir falta dela e de viver bem da mesma maneira que o fazem todos os não-frequentadores-de-psicanalistas (e olha que eles são muitos) do mundo; sinto falta dela, e só consigo ser feliz até um certo ponto sem minhas consultas semanais, sem deitar-me no divã todas as sextas-feiras, por mais miserável que isso possa parecer.
Agora, deitada na minha cama, vejo o quanto, mesmo sem minha psicanalista, não parei de me questionar ou me preocupar. O quanto, na verdade, eu nunca paro. Esse mês foi bom por ter permitido que eu, sozinha, percebesse algumas coisas, criasse e desmentisse algumas hipóteses. Uma dessas minhas descobertas envolve justamente o que eu falei no parágrafo anterior, e me fez perceber não o quanto eu preciso da psicanálise, mas o quanto eu a quero.
Um mês sem análise me fez perceber que simplesmente não faço parte dos não-frequentadores-de-psicanalistas, e que não há absolutamente nada de errado, muito menos de miserável, nisso.
Por tudo o que passa diariamente pela minha cabeça, eu sei que não poderia ser diferente. Eu pago, sim, alguém para me ajudar, semanalmente, a entender o que eu não consigo entender sozinha. Não é todo dia que sou deprimida, louca, antissocial ou paranoica. Sou preocupada. Penso demais, me questiono sobre tudo, tento entender minhas atitudes, resolver meus problemas, superar minhas dificuldades. Tento ser cada vez melhor e cada vez mais feliz.
E é isso aí. Meus pais acham que eu sou zen porque faço yôga. Escrevo coisas sem-sentido no meu blog. Faz pouco tempo que admiti para mim mesma o quanto gosto de atenção. Tenho cabelo oleoso. Aliás, quero mudar meu corte de cabelo. Pretendo ser jornalista. Já quis ser aeromoça. Estou aprendendo a cozinhar. Fiz brownie no começo da semana. Frequento uma psicanalista. E ela está viajando.

2 comentários:

  1. Chorando....
    Essa é a grandeeeeee diferenca entre fazer análise e fazer terapia, ou qualquer outro nome que se de... uma frase tao simples e tao imensa ao mesmo tempo: "... me fez perceber nao o quanto eu preciso da psicanalise, mas o quanto eu a quero..."
    Beijos para uma analisanda, da sua analista!!!!

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  2. isso might sound kinda weird mas eu gosto tanto do jeito que você pensa, guria!
    saiba que você é uma das minhas pessoas favoritas e que eu me considero sortuda de ter uma amiga que nem você, mesmo

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