sábado, 23 de julho de 2011

such a huge ego

Quem sabe pelo fato de a minha vida andar repleta de altos e baixos, de sentimentos intensos, de confusões, desentendimentos, choros e sorrisos esses últimos tempos; essa semana, uma frase que retwittei faz mais de 2 anos me retornou à cabeça, e de lá não quis mais sair.
Como quase tudo o que vem da internet na atualidade, não sei dizer direito quem foi seu autor, mas a frase é linda e foi compartilhada com todos os que estiveram dispostos a ouvir minhas teorias furadas sobre a vida nos últimos cinco dias. Atribuí-a a Nelson Mandela durante as tais conversas, mas o google propõe também a possibilidade de o autor ser Carl W. Buechner, ou ainda Maya Angelou. Sinceramente, não sei, mas eis o que ela diz: que na vida, podemos esquecer o que nos dizem, esquecer o que nos fazem, mas nunca esquecer como nos fizeram sentir.

Hoje, mais cedo, vivenciando um dos baixos da semana voltando da janta em silêncio no carro com meus pais; lembrei-me mais uma vez daquelas palavras.
Olhando pela janela, me lamentando e pensando na P.A. de absurdamente grande razão que representa o afastamento dos membros da minha família a cada dia que passa; me peguei pensando no quanto meus pais me desagradam. (Escrever isso me faz sentir mal, ingrata e um tanto quanto imatura; mas no fundo só estou retratando o momento com a mais pura sinceridade.)
O som do meu choro estava sendo ofuscado pelo volume alto de alguma música do Phill Collins, que eu, não sei bem como ou por que, sabia de cor. Isso me dava liberdade para ficar na minha, sem ter que explicar para os que estavam na frente do carro o motivo das lamentações (que era justamente eles.) Deitada de maneira relativamente confortável, curtindo tanto minha tristezinha quanto o balanço do carro, passando pelos buracos da rua, tentei lembrar-me de coisas boas que meus pais fazem por mim.
E foi então que peguei minha imaturidade no flagra.

Fazendo um balanceamento mais racional das atitudes que os dois têm perante a mim, ficou claro o quanto Mandela / Buechner / Angelou estava(m) certo(s) com aquela frase do Twitter.
Ali, naquele momento regado a auto-piedade, eu tinha esquecido muitas das coisas que meus pais falam e fazem, me deixando levar de maneira estúpida pelo suposto "jeito que eles andavam me tratando".

A música passou de Phill Collins para John Mayer, e eu, ainda ali deitada, comecei a pensar na assustadora frequência com que esse fenômeno-regado-a-auto-piedade acontece na minha vida. De repente me dei conta do quanto somos todos egoístas, e de como as efetivas impressões que nos restam das pessoas não têm nada a ver com elas e com o que dizem, falam ou tentam, com tanto esforço, demonstrar. Têm a ver com nós mesmos.
Me dei conta de que o que as pessoas nos fazem sentir é, simplesmente, fruto da nossa - quem sabe inconsciente, mas ainda assim nossa - própria vontade.
Por um instante, esqueci-me de tudo o que tinha acontecido no jantar, e pensei no quanto eu queria me livrar de todo aquele rancor e egoísmo.

Será que temos essa capacidade?
De nos livrar de toda essa "bagagem emocional"?
Será que um dia poderei dizer ter conhecido alguém pelo que ela realmente foi?
Nossa mente, apesar de útil e essencial para tantas das tarefas que nos tornam quem somos; me pareceu de repente um grande empecilho que me vi tentada a enfrentar.
Será isso "desfazer-se do seu ego"?
O que faríamos, se conseguíssemos nos desfazer dele?

Senti o carro freiar, e, ainda com a bochecha molhada rente ao couro do banco, pedi desculpas a meus pais num volume alto o suficiente para superar John Mayer. Descemos do carro e nos abraçamos meio dramaticamente. Eles, depois de termos entrado em casa, subiram e foram dormir enquanto me dirigi à cozinha para fazer chá.
Sentei-me sozinha no sofá, depois, e fiquei ali, curtindo o calorzinho da bebida, pendando um pouco mais na vida. (Não era pra rimar)
Acho que nunca me canso disso.
A verdade é que continuo não sabendo de nada.
Não faço muita ideia de como quebrar aquele empecilho.
Mas algo, ainda assim, me diz que eu estou no caminho certo.

2 comentários:

  1. nunca se esqueça do chá antes de dormir! beijos bruna frenks
    obs: achei muito emocionante o seu texto! adoro como voce escreve, nao pare nunca!

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  2. Que estes instantes de lucidez sejam cada vez mais frequentes, para que tenha uma vida cada vez mais feliz!
    P.S.: Vc escreve muito bem, garota!:)
    Beijinhos, Ana

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