terça-feira, 5 de julho de 2011

Tentativas de escrever não faltaram.
Eu estive aqui, algumas vezes, escrevi algumas linhas e passei algum tempo pensando na vida; tendo como resultado final sempre a mesma página em branco e a mesma sensação de "que bosta, perdi o dom, qual será agora meu novo conceito de ganha-pão?".
Não que eu trabalhe ou ganhe meu próprio dinheiro, nem por esse blog nem por nenhum outro meio. Dedico-me aos estudos 100% do meu tempo e sou 100% sustentada por mamãe-e-papai.
Quando o futuro, aquele no qual penso com tanto carinho toda vez que vejo um Picanto na rua ou que passo ao lado de uma floricultura que tem aqueles vasinhos de pendurar no teto, entra em questão; sinto um prazer, idealizado, mas que me parece natural, junto com uma pontinha de um tipo de medo ansioso, com uma sensação estranha e ao mesmo tempo excitante de que nada daquilo virá um dia de fato a se realizar.
A vida é tão indescritivelmente confusa e imprevisível, e eu percebo, quase todos os dias, não só em mim como nas pessoas ao meu redor a grande dificuldade que representa admitir não só isso como também a magnitude da nossa ignorância a nós mesmos.
Pensando no jornalismo, um dos cursos que pretendo fazer no vestibular, como uma maneira de compartilhar o conhecimento; às vezes me vejo perdida e sem rumo.
O que eu sei? O que tenho capacidade de saber? Até onde pode ir meu conhecimento e sua real utilidade? Até onde ele pode, efetivamente, ser comunicado e compartilhado?
Acredito fortemente que as oportunidades que julgo "a serem agarradas" deveriam ser mais enfatizadas por nossos pais e orientadores, que tanto enchem nossas cabeças com conselhos e dicas e mais dicas envolvendo nossas vidas acadêmicas e profissionais. Acredito fortemente mesmo, que a oportunidade de perceber essas coisinhas, naqueles momentinhos, seja no meio da aula quando você deveria estar se concentrando para passar no vestibular mas é distraída por um cheirinho de cebola em conserva, seja vendo um filme bobo com alguém bobo e cheio de defeitos com quem você ama conviver; é milhões de vezes mais importante do que todas aquelas outras dicas juntas.
Acho tão essencial quanto lindo e gostoso o sentimento de ver as coisas por um outro ponto de vista. Significa constituir uma nova rotina, mesmo quando continuam-se fazendo as mesmas c
oisas.
Nessa (ênfase agora na adorável expressão que vem em seguida) era digital, onde informação e mais informação é supostamente compartilhada loucamente a cada segundo que passa, com Twitter e Facebook e não sei mais o que, eu me permito sentar e me perguntar se é isso que eu realmente quero. Se tenho capacidade para isso. Parece que, nos últimos tempos, tudo que as pessoas querem é que seus amigos retwittem e curtam o que foi dito e escrito, sem preocupar-se de fato com o que ou, ainda, por que foi dito e escrito.
Na última aula de literatura que tive antes das férias, onde estudamos vanguardas do século passado, me peguei pensando no Tumblr, e me perguntando se um dia no futuro vai ser estudada a arte da (sim) era digital. Esse site é realmente incrível e permite uma das coisas mais lindas (literalmente) que a internet pode de fato nos fornecer atualmente: o compartilhamento rápido e fácil da arte.
Não acredito que a comunicação, no entanto, seja uma arte, e sim uma ferramenta, de base, aliás, para a vida humana. A sensação de saber exacerbado que a Internet (e, no meu atual caso, o estudo para o vestibular) nos dá não passa de uma gigantesca armadilha.
Eu não sei muito, quem sabe possa até dizer que não sei nada. Sei o nome dos órgãos de uma flor e o ciclo reprodutivo das plantas. Sei quantos elétrons tem o Iodo em sua camada de valência, e que ele, quando substitui um hidrogênio em um hidrocarboneto, forma um haleto orgânico. Posso entrar no Wikipédia agora e pesquisar sobre o que eu quiser, ler sobre o que eu quiser e compartilhar com muitas pessoas o quanto eu acredito e constantemente penso sobre a Hipótese Heterotrófica de Oparin.
É engraçado, mesmo assim, o quanto eu continuo sentindo a necessidade de compartilhar minha ignorância por aqui, na mesma Internet onde tudo aquilo está acontecendo, em plenas frias férias de julho.
Férias de julho onde a ignorância explícita, em gigantesco contraste com os estudos adoidados para o vestibular, vem à tona, me enche de alegria e dá muito espaço à vida.
E tudo isso é simplesmente necessário. Nem mesmo minha adorada Hipótese Heterotrófica de Oparin cola em momentos como esse. Apesar dos embasamentos científicos, das experiências e de todo o sentido que ela faz, inclusive para mim; me perdoe, Oparin, você é demais, mas ela continua sendo apenas uma hipótese.

3 comentários:

  1. veuva, tudo no fim vai dar certo! nossas casas serão decoradas pela tokstok e com muitas flores e chas! bju na bunda, da Nabru

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  2. Você daria uma boa jornalista científica.. Alguém com matérias para a Super, Galileu, ScientificAmerican. Um encaixe para seu amor da biologia.
    bjs

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  3. Meu texto preferido disparado!!!!! Quero um dia poder dizer " Aquela jornalista famosa, sabe, é minha amiga,minha irmã! "
    Beijo Rafa

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