quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Hoje decidi não estudar.
Uns minutinhos após o almoço até peguei na apostila e dei uma lida em biologia, mas acabei trocando a maravilha que é - e não estou sendo irônica - a análise cromossômica por uma deliciosa tarde com o lap top no colo, comendo morangos e biscoitos salgados no sofá da minha avó.
Passei, e eu lamento, tempo demais contemplando a vida alheia no Facebook (esse negócio é mesmo viciante), mas os focos internáuticos (me odeio por ter usado essa expressão idosa) hoje foram outros: a procura por receitas interessantes (estou planejando fazer hambúrguer de cenoura na semana que vem) e, principalmente, a leitura de blogs (de minha própria autoria) da década passada. (Estou amando parênteses hoje).
Agora, enquanto a tarde vai se aproximando do fim e eu vou percebendo o quanto deveria ter maneirado com os biscoitos salgados; sinto-me um pouco diferente.
Passar tanto tempo convivendo com sentimentos antigos explicitados pela escrita sempre gera em mim um tipo de estranhamento gostoso. Escrever sempre fez parte do meu cotidiano, diferentemente desses 120 exercícios diários que eu tento, mas nunca consigo terminar, e ler a mim-mesma é uma atividade profunda que chega quase a ser uma terapia.
Esses momentos-exclusivamente-meus são raros, e a amplitude deles é ainda maior do que aqueles meus banhos, que às vezes chego a demorar mais de 15 minutos para tomar. Essa ideia de conviver, ao mesmo tempo, com quem sou, com quem fui, e, quase que consequentemente, com quem pretendo um dia ser, me faz um bem inexplicável. Lembrar do que eu sentia uns cinco, seis anos atrás me reintegra e abre meus olhos para a absurda e linda diversidade que existe aqui, dentro de mim mesma, o que inclusive me faz questionar a estúpida intolerância que cultivamos contra a diversidade que existe entre as pessoas.
Passei algum tempo pensando nisso hoje à tarde, entre um site de receitas e outro; e sentindo uma saudade engraçada de cada uma entre todas as eus que já fui.
Sei que existe um mundo incrivelmente complexo por dentro de cada uminha de nossas membranas citoplasmáticas, e que, se esticada, toda a fita de DNA proveniente de todas as nossas 60 trilhões de células teria aproximadamente 102 bilhões de quilômetros. A maravilhosa complexidade do ser humano, no entanto, com certeza vai muito, mas muito além do plano físico. Ela está em nossa mente, em nossa história, está no que gostamos de chamar de "eu", ou, como constatei hoje à tarde, "eus".
A compreensão e o estudo disso, além da escrita, são com certeza aspectos que quero aprimorar ao longo da minha existência.
Queria ter mais tempo para isso, e menos tempo para superfícies equipotenciais no campo elétrico uniforme em minha vida. No entanto, por enquanto é justamente isso que me aguarda.
Resta-me apenas esperar pelo que o futuro me guarda.
(Esse jogo de palavras não foi intencional, mas até que ficou legal.)
(Ai ai, não consigo parar de rimar)

4 comentários:

  1. Puxa, 102 bilhões de km? Isso da umas 95 horas luz! Mas ainda fica longe de Alpha Centauri..
    Comentários irrelevantes a parte. Li. Gostei. :)

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  2. uouuu, voce demora 15 minutos no banho? nao se preocupa com o planeta? e para de comer bolachas mesmo, se nao a gastrite ataca. cheguei a conclusao que voce é realmente tem alma de velha! hahahahaha, brinkssss, voce sabe que tenho muito orgulho da senhorita! beeijos da nabru

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  3. Eu quero o hamburguer de cenouraaaa!!
    (não vou assinar pq vc sabe quem é, e pq vc está aqui do meu lado hehehe)

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  4. Gúria !!!

    Realmente, temos muitos Eus e o seu texto (que é muito gostoso de ler) me fez viajar no tempo, desde quando eu era criança tranzendo lembranças que estavam guardadas. Me lembrei do que eu gostava antigamente e hoje não gosto, de como o convivio com as pessoas influenciam no nosso ser (quando deixamos influenciar), e em como é gostoso se desligar do mundo e nos encontrarmos com quem fomos, quem somos e sonhar com o que queremos !!!!

    (Eu quero hamburger de cenoura !!! Me avisa quando fizer que eu asso outro bolo integral de castanha do pará com côco)

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