domingo, 28 de agosto de 2011

a todos cuja companhia escolhi ter em minha vida

(Tenho, sim, noção do sentimentalismo exagerado do título. Fazer o quê?!
Esse post é uma dedicatória.)

Em Sex and the City, Carrie parece estar constantemente percebendo e questionando sentimentos e comportamentos, em si mesma e em seu círculo social. Essas percepções e questionamentos acabam fazendo com que cada episódio do programa tenha um “tema” específico, sobre o qual a protagonista discursa em seus artigos e ao redor do qual as vidas de todos os personagens tendem a circular.
É engraçado o quanto isso, apesar de parecer não condizer com a vida real e ser só mais uma “coisa de TV”, é, pelo menos para mim, muito comum na vida real.
Chega a parecer que algumas semanas ou meses de minha vida foram cautelosamente programados por alguém tão adepto a “temas” quanto os roteiristas do meu adorado seriado.

Depois da importante percepção que tive na última sexta feira, o desenrolar dos fatos do meu fim de semana parece querer me levar a questionamentos e mais questionamentos sobre o tema “influência”.
Cursos, revistas e falas marcantes desde o último dia da semana têm parecido rondar o significado dessa palavra, fazendo com que o efeito que as pessoas com quem convivemos têm em nós ficasse, de repente, absurdamente explícito para mim.

Eu, apaixonada pelo mecanismo da comunicação, vegetariana, outgoing, praticante de yôga, adoradora da gastronomia e da biologia; acreditava nunca ter sido significativamente influenciada por minha família, que costuma sentar numa mesa de churrascaria, sem falar mais do que o estritamente necessário uns aos outros (para melhor aproveitar a “fartança” do rodízio, com certeza), voltando para casa logo depois da refeição, sem nem parar para a sobremesa, tendo como planos em mente não fazer nada pelo resto do dia.

Por muito tempo, essa aparente falta de influência de minha família em mim me frustrou.

Como meus pais e meu irmão trabalham fora, criei com o decorrer dos anos o hábito de freqüentar casas de amigos durante a semana, e é curioso o que essa experiência me faz. Quando nessas casas, sempre me pareceu claro o quanto as principais características de meus amigos eram derivadas de seus pais, de sua família e do jeito como eles encaravam o mundo. Na minha casa, e eu não entendia por que, nunca pareceu ser assim.

Sentindo-se excluída por mim e pela minha ignorância dos fatos, no entanto, a influência resolveu bruscamente se manifestar, chacoalhar minha cabeça e abrir meus olhos. E funcionou. Aqui estou eu para afirmar: ela está aí. Sempre.

Muitas vezes, por todas essas divergências na hora de escolher em qual restaurante almoçar, qual seria o assunto discutido durante a refeição e o que faríamos depois; me senti avulsa. Sozinha, como se eu não fizesse de fato parte da família. Isso, apesar de me deixar meio triste, me dava uma sensação de liberdade incomparável, como se eu não dependesse deles (há-há), e como se pudesse simplesmente ser quem eu bem entendesse.

Mas a verdade é que eu não posso. Não é bem assim que as coisas funcionam.

A família sendo o principal dentre eles, fazemos parte, em nossa vida, de grupos de pessoas que nos influenciam constantemente.
Sendo ela boa ou ruim, desejada ou não, visível a olho nu ou só pelo olhar que contraímos quando deitados no divã, a influência que as pessoas com quem convivemos têm em nós é gritante, e, segundo muitos dos textos que tenho lido no fim de semana cujo "tema" é justamente esse, faz parte do funcionamento biológico do ser humano.

As influências que minha família tem em mim são, em grande maioria, daquelas que só se vê sob o olhar da análise. Na superfície, nossas gigantescas diferenças não nos deixam ver o quanto somos iguais.
Acredito que seja justamente esse tipo de influência, a invisível-a-olho-nu, que não nos deixa, assim sem mais nem menos, ser quem quisermos, escolher quem queremos ser.

Não é simples a percepção do quanto nossos laços sociais nos afetam. Mas é uma consciência necessária.
Apesar de não termos como escolher nossas famílias, temos, sim, como escolher se convivemos ou não com elas.
Temos como escolher, a todo instante, com quem convivemos, e, consequentemente, por quem nos deixaremos influenciar.
E isso é quem sabe o mais perto de “ser quem bem entendermos” que eu, minha família e você jamais vamos chegar a conquistar.

4 comentários:

  1. Me senti o Yeso lendo este texto!! HAHAHA Quando você colocou a respeito do divã a primeira coisa que eu pensei: -É.. ela usou uma fingura de linguagem em que podemos perceber que se não por conta própria, descobriremos ao conversar com outra pessoa... kkkk' Parabéns Guria!! Que a escrita te acompanhe sempre!! Espero um dia (se assim for a sua vontade) poder ler um livro de sua criação!!! Tudo de bom!

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  2. a fã numero 1 curittiuuu, beijos no sova

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  3. eu sei que já conversei com você sobre isso, mas eu adoro ir pra casa das minhas amigas e conhecer suas famílias e meio que dá pra ver essa influência (: gostei muitíssimo desse texto e saiba que eu gosto mucho de ter sua companhia em minha vida, vevis

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  4. Li e gostei..
    Minha blogueira favorita!

    André

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