quinta-feira, 20 de outubro de 2011

o que ficou para trás (ou não)

Era quem sabe sete e meia da manhã - horário em que, quando estou fora da minha cama, é porque estou na aula - e o Sol já brilhava. Você dirigia por uma das maiores avenidas da cidade, cujas ciclovias e calçadas estavam dominadas por aquela gente estranha que acorda cedo no domingo para correr. Exaustos em um silêncio inevitável e delicioso, ainda na euforia do que foi uma das melhores noites da minha vida, nossos rostos pareciam estar permanentemente estampados com sorrisos bobos. Você tinha uma mão na minha coxa e a outra no volante, e eu, depois de contemplar o fato de a Mundo Livre FM ter conseguido transmitir mais de 3 músicas boas seguidas, te contei que a quarta da playlist era de uma banda chamada Noah and the Whale.
Não sei se consigo por em palavras o quanto era bom estar ali. O jeito como você me olhava, me tratava, me beijava; era tudo novo e maravilhoso para mim, e a única coisa que eu queria mesmo era conseguir retribuir tudo aquilo que você me fazia sentir.
Você me deixou na portaria de casa, e, infelizmente, depois disso não demorou muito para deixar a minha vida.
Nada foi do jeito que a gente esperava, e eu odeio tudo o que aconteceu depois. Odeio nossos desencontros, odeio meus desesperos e todas as mensagens que você não respondeu. Odeio suas ligações nas horas mais inapropriadas, não mais do que a falta delas quando tudo o que eu mais queria era ouvir sua voz.
Por algum tempo, acreditei que tudo ia dar certo, quando o universo decidisse conspirar a nosso favor. Agora vejo, apesar de ser difícil admitir, o quanto tudo foi escolha - quem sabe mais sua do que minha, mas mesmo assim - nossa. Um pouco mais longe de tudo o que aconteceu, é agora também que eu percebo que a única coisa mais errada do que não te ter mais comigo é o fato de eu há muito tempo ter te entregado, de mão beijada, todo o direito que eu tinha de me amar.
O mais incrível é que isso abriu meus olhos para a frequência com a qual tendo a atribuir aos outros a responsabilidade pelos meus sentimentos. É por isso e por tantas outras coisas que te agradeço. Agora sei que é hora de sair e recuperar não só meus direitos e deveres, como também a possibilidade de ouvir uma certa música do Noah and the Whale sem ficar me remoendo e lamentando.
E algo me diz que isso vai ser uma longa e deliciosamente real jornada.

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