terça-feira, 15 de novembro de 2011

decisions, decisions...

A gente tem, curiosamente, momentos e cenas dos quais se lembra com mais lucidez que outros. Não necessariamente eventos, do estilo casamento, aniversário, natal, réveillon - mas momentos aleatórios de nosso dia a dia, que acabam, por um motivo ou por outro, sendo guardados em algum compartimento especial da nossa memória.
Me lembro exatamente, por exemplo, de como me sentia quando deitava na sala de TV da casa em que morava na França. A textura e a cor do sofá; o escuro que, apesar de parcialmente iluminado pela televisão, me dava uma tranquilidade boa; e a lareira, no cantinho direito da sala, abarrotada de porta-retratos.
No inverno de 2007, depois de voltar - bronzeadíssima, já que, por aqui, era verão - de férias no Brasil, liguei a TV e o DVD e deitei-me naquele sofá, enrolada em uma coberta que nem um charutinho (como já diria minha mãe).
Estava prestes a assistir, pela primeira vez, a Maria Antonieta, filme que, dirigido por Sofia Coppola em Versailles, a menos de 20 km de distância da minha casa; ainda estava em cartaz nos cinemas franceses, mas tinha sido comprado por mim no camelô de Balneário Camboriú por aproximadamente 15 reais.
Nessa época, estava de paquerinha (uhuhu) com um sueco que fazia espanhol com uma amiga minha. Apesar, no entanto, de nossas conversas no MSN (cujo histórico eu salvava e gostava de ler em momentos de tédio) e trocas de CDs, não estava muito certa sobre ele.
E foi por isso que, deitada no meu sofazinho antes de o filme começar, fiz uma aposta comigo mesma, como já me era de costume: se, neste filme, houver algum tipo de sinal que me lembre do meu sueco, continuo com essa história. Se não, bola pra frente.
O desenrolar da trama acabou me fazendo esquecer da aposta. Mais tarde, porém, foi lembrando de acontecimentos do filme que voltei a me lembrar dela. O drama de Sofia Coppola tinha mostrado o caso que a rainha austríaca da França teve com o conde Fersen, do exército da Suécia. É. Sortudo, aquele meu sueco. Porque aquele caso, que só trouxe mais polêmica em torno daquela que foi uma das mais odiadas rainhas de todos os tempos, foi um fator essencial na minha decisão de levar nossa história para frente.

Com infinitas vezes mais lucidez, lembro-me da tarde de hoje. Lá fora chovia, e eu, deitada na cama já de pijama e com mais meias do que o que se consideraria normal, assistia a um filme na TV. Sem ter feito nenhuma aposta (além de uma possível aposta inconsciente - "duvido que você coma mais torta do que você deveria"), não fiquei esperando sinais que fossem me lembrar de alguém. Mesmo assim, quando o filme acabou, me peguei lembrando do dia em que assisti a Maria Antonieta pela primeira vez.
Eu não tinha ficado, de fato, esperando por um sinal enquanto assistia, hoje, àquele filme da TV. Mas o fato de eu tê-lo passado inteirinho pensando em você é o sinal mais explícito de que há, em minha vida, uma decisão a ser feita. Continuo com essa história - ou bola pra frente? 

Um comentário:

  1. sou seu fã numero 1, amo voce! bjoka nos rins do admirador secreto, rerere

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