quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

E todo mundo tem seus momentos de carência...

Caminhando por aí em um daqueles meus momentos de exacerbados auto-suficiência e amor-próprio, COMO eu estava bem.
Era uma particularmente quente e ensolarada tarde curitibana, e, carregando sacolas cheias de presentes e flores, eu me sentia o Papai Noel, além de feliz e animada (apesar das bolhas no pé que insistem em querer me aborrecer), bonitíssima. Se tivessem tirado uma foto de mim naquele momento, com um lindo e colorido bouquet de flores em uma das sacolas que segurava, eu com certeza a acabaria colocando como perfil no Facebook (ou substituindo essa aqui à esquerda, que já está ultrapassada).
É sempre nesses momentos-de-amor-próprio que percebo (e já registrei muitas vezes essas percepções por aqui) o quanto estar sozinha e solteira - poder ir para onde eu quiser, ouvindo a música que eu quiser, e ficar lá quantas horas eu quiser, sem dar satisfação a ninguém - me enche de alegria e disposição. Ontem, porém, descendo as escadas de um shopping cujo nome não mencionarei (como já diria meu pai, CUIDADO, FILHA, ASSIM VÃO TE ESTUPRAR), me embananei na hora de colocar meus óculos de sol e levei um tombão bem em frente ao ponto de táxi, de onde nenhum motorista se moveu para me ajudar a juntar minhas flores e todas aquelas sacolas. Quem sabe a verdade seja que nem tenha dado tempo de me ajudar; já que, não sei se por vergonha ou pela ideia de "foi só um susto, pode continuar brincando" que nos é "sugerida" desde a infância, em um piscar de olhos eu estava recomposta. Já com os óculos me protegendo não só dos raios UV como também de demonstrar publicamente o quanto me senti humilhada e desengonçada, continuei meu caminho.
Frágil, aquela minha sensação de bem estar. Em pouco tempo, a ardência dos diversos pontos de minha perna que tinha ralado no asfalto e as bolhas no meu pé, agora bem-sucedidas na arte de me aborrecer, não me permitiam mais ver as coisas do mesmo jeito. Pensar em tudo o que eu ainda tinha que andar e fazer e no ônibus que eu tinha que pegar antes que escurecesse começou a explicitar o quanto eu estava exausta, e a vontade que eu mais tinha era de pedir uma carona para o primeiro carro que passasse (Pai: CUIDADO, FILHA). Isso não aconteceu, é claro, mas cheguei a cogitar pedir carona à amigável senhora com quem compartilhei minhas angústias na absurda fila de embalar para presente da livraria.
No ponto de ônibus, o quase-final da minha jornada-em-uma-tarde-ensolarada, parei enfim para pensar, pela primeira vez em muitas jornadas semelhantes a essa, no quanto eu precisava, sim, de alguém.
 Alguém que me amasse (percebi agora uma ambiguidade nessa última oração, e, esse ato falho, só Freud explica), me consolasse e cuidasse das minhas perninhas feridas.
Alguém que topasse trabalhar, 24h/24 - 7 dias/7, como meu motorista particular. O pagamento, por sua vez, sendo a minha impagável amizade.

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