sábado, 3 de dezembro de 2011

sobre ficar careca & outras peripécias

Não foi exatamente a coisa mais normal do mundo escutar da minha dermatologista, algumas semanas atrás, que eu poderia vir a ser um caso de calvície feminina. Menos normal ainda foi quando, ontem à tarde, no horário para qual tínhamos marcado um misterioso exame a despeito de minhas madeixas, sentei-me na mesma cadeira em que previamente fizera um peeling de ácido, e ouvi o mistério todo sobre o tal exame se desfazer:
 - Vamos cortar uns 4mm, mais ou menos - a doutora afirmou com convicção.
 - Ah, do cabelo?! Beleza - respondi. Estava, de fato, tudo beleza. Até então.
 - Não, não. Da pele.
Eu me mantive em silêncio. Ela teve de intervir:
 - Não se preocupe, vamos dar um pontinho depois. Você não vai ficar com um buraco sem cabelo na cabeça.
"Ficar (ou não) com um buraco sem cabelo na cabeça" sendo, naquele momento, a última das minhas preocupações, depois de ouvir isso não consegui não demonstrar meu pavor. Não desmaiar na hora de tirar sangue já fora um gigantesco avanço em minha vida nos últimos anos, mas simplesmente tirar 4mm do meu couro cabeludo e me pedir para "não me preocupar" foi, realmente, muita ousadia da parte dela.
Permaneci quieta e procurei me preparar. Segurei firme nos braços da cadeira, respirei fundo e tentei me lembrar das mentalizações-amenizadoras-de-dor que aprendo em aulas de Yôga (e que são sempre postas em prática, além de na aula, naquelas sessões de depilação que parecem não acabar nunca).
O "procedimento" começou, e eu, me esforçando loucamente para mentalizar, ao invés de minha pele sendo cortada por um bisturi, meu crânio brilhando na cor azul-celeste; fui surpresa pela doutora, que perguntou, pela primeira vez na vida, por detalhes da minha vida pessoal que nada tinham a ver com meus hábitos alimentares, shampoos, hormônios, momentos de stress e ciclos menstruais.
Sim, ela estava tentando me distrair. Mas, mesmo ouvindo o barulho de bisturis  e tesouras ao fundo, decidi fingir não ter consciência disso, e abandonei as tentativas de mentalizações azul-celestes completamente.
Contei a ela um pouco sobre a experiência de ter morado na França, e, tá, com certeza não tão de repente assim, o "procedimento" chegou ao tão esperado fim. A doutora, alguns instantes depois, veio me mostrar um potinho com um pedaço cabeludo de pele dentro, o que, além de ter ganhado o prêmio de cena mais nojenta e desnecessária da minha vida, me fez sentir parte de um filme muito louco de ficção científica. Tendo cortado 4mm do meu couro cabeludo, aquela doutora maluca ia conseguir fazer uma lavagem cerebral e me manter como cobaia em seu laboratório maluco para fazer experiências malucas.

Mas é agora, depois que a euforia de tudo isso já passou, no momento em que a única dor que eu sinto no topo da cabeça é provavelmente psicológica; que venho para afirmar que sobrevivi, que estou bem, e que minha cabeça ainda está repleta de cabelos, muito bonitos, aliás, já que fiz prancha para sair ontem à noite.


Eu, um nenê feliz e cabeludo.

Um comentário:

  1. Genovevaaa, que dramática! Hahahahaha mas achei muito fofinha sua foto! E outra, até parece que vc, logo vc, seria cobaia num laboratório de experiências malucas! Afinal, vc já é a própria experiência maluca em pessoa... kkkkkk brincadeiras à parte, mas sua cabeça está totalmente normal, com cabelos lindos, sedosos e, agora, cheirosos! Beijos e boa noitche!

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