sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

impiedosa generalização do sexo oposto (ou não)

É verdade que eu, a algum tempinho, ando completamente sem inspiração. Depois de levar o bolo de um amigo meu com quem tinha combinado de me encontrar no lado oposto da praia, porém, posso dizer que essa situação está bem diferente. Da Yoguland (onde tive que parar para comprar um frozen yogurt como consolo por ter sido abandonada) até o portão do prédio do meu avô, andei raivosa, com as sobrancelhas franzidas enquanto escrevia, mentalmente, um texto irritadíssimo contra o sexo masculino, em versão muito menos racional e muito menos light do que o que eu estou agora realmente prestes a escrever. No meio do meu caminho, ainda por cima, começou a chover, o que fez com que o número de palavrões do meu texto mental, juntamente com a raiva não só do amigo que me deu o bolo como também dos homens em geral, aumentasse significativamente.
Pois então. Quando saí de casa, hoje mesmo, para me encontrar com o dito-cujo (odeio quem diz "dito-cujo", mas agora me pareceu tão adequado, além de já estar evitando a repetição de outra expressão - amigo-que-me-deu-o-bolo), passei numa lanhouse. Lá, paguei R$1,00 pelo tempo de internet necessário para conferir todas as minhas notifications no facebook e para, mais uma vez, ver que não tinha recebido a resposta de e-mail que confirmaria ou minha viagem para Paris por 2 semanas em fevereiro ou minha permanência no Brasil até o final das férias de verão. Saí da lanhouse parcialmente (uns 35%, eu diria) triste, afinal, meus planos em ir para a França nunca dão certo; mas também meio (65%) feliz, por ter literalmente Laughed Out Loud dentro da lanhouse com alguns recados no facebook e por estar prestes a ter contato, pela primeira vez em 3 dias, com alguém fora meu avô e minha "vódrasta", na casa dos quais estou hospedada aqui em Camboriú.
Ledo engano. Levei o bolo.
Andando pela av. Brasil, ouvi algumas buzinadas, um carinha me chamou de maravilhosa e outro pegou na minha mão e disse que sou "para casar". Apesar de não serem, assim, as pessoas mais lindas do mundo, de estarem provavelmente embriagados e da mão do meu "futuro noivo" estar um tanto quanto suada (UI), esses homens conseguiram expulsar meus 35% de tristeza e fazer com que percorresse o restante do meu caminho de queixo erguido, me sentindo 100% linda.
A volta para casa, on the other hand (literalmente), depois de ter levado o bolo do amigo-que-me-deu-o-bolo / dito-cujo, foi 100% miserável. Antes de começar a chover e de eu ficar encharcada, estava andando mais devagarzinho, aproveitando para olhar ao meu redor e odiar todos os homens presentes.
Argentinos e paraguaios com cabelos estilosos; pagodeiros; velhos pançudões; baladeiros com copos na mão em plenas 4 horas da tarde; sertanejos com o volume do som do carro no máximo e meninos da minha idade que, dois verões atrás, iriam make my day só em se aproximar de mim.

qual é a deles?
o que eles querem?
quem eles pensam que são?


Enquanto andava, raivosa, me parecia óbvio que as mais prováveis respostas dessas 3 perguntas seriam: 1. sexo, 2, sexo, e 3. deuses do sexo (até para os velhos pançudões). Aqui em casa, no entando, depois de tomar um banho e de esfriar a cabeça, consigo raciocinar melhor e acredito que agora seja a hora de começar a corrigir e censurar aquele meu texto mental.
Tá bem. Quem sabe essas realmente sejam as respostas daquelas perguntas. E quem sabe os homens tenham dificuldade em valorizar o que têm nas mãos. Quem sabe eles se achem mais do que são, demorem mais tempo para amadurecer do que nós e sejam insensíveis durante a maior parte do tempo.
O negócio é que, enquanto eu posso até me divertir com buzinadas e pedidos anônimos de casamento, me irrito profundamente quando vejo homens que acham que nós, mulheres, não somos nada sem eles. Achei o cúmulo quando, enquanto caminhava sozinha na praia ontem, encontrei meu amigo-que-me-deu-o-bolo e ele tirou sarro do fato de eu estar andando desacompanhada. Mesmo assim, como todos os meus conhecidos já tinham voltado para Curitiba, combinei de me encontrar com ele e seu grande grupos de amigos na praia. "Amanhã, às 2 da tarde", me disse ele.
Hoje, às 14h15, lá estava eu. E nada do meu amigo, que me deu o bolo. E nada de ele atender o celular.

O que provavelmente mais me irritou em ter levado o bolo foi a humilhação que senti em voltar para casa sozinha depois. De repente, eu não estava bem comigo mesma. Eles tinham me convencido. Eu precisava deles, justamente quando eles não estavam ali.
Mas bom.
No fundo no fundo, levar o bolo sempre é uma merda, e eu não precisava ter tido tooooooodo aquele ataque de nervos.
No fundo no fundo, quem sabe eu tenha que admitir... homem é tudo de bom, nos faz companhia, aumenta nossa auto-estima, nos dá prazer.
A minha auto-estima, e foi esse o meu problema, tinha ontem sido brevemente esquecida, juntamente com minha preocupação em me dar prazer.
Depois de tudo isso, devo dizer algo (em versão muito mais racional e muito mais light do que eu planejei mais cedo) ao amigo-que-me-deu-o-bolo (e quem sabe, no final das contas, até a mim mesma):
Antes só do que mal-acompanhada!

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

"here's another song about a gender I'll never understand"
- The Wombats

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011


- So?! You failed.
- No, you don't get it.
- All right, you really failed. You failed, you failed, you failed. You failed. You failed, you... Do you think I care about that? I do understand. But you're an artist, man. Your job is to break through barriers, not accept blame and bow and say "Thank you, I'm a loser, I'll go away now" ,"oh, Phil's mean to me, wah wah wah", so what?
- I don't cry.
- You wanna be really great? Then have the courage to fail big and stick around. Make them wonder why you're still smiling. That's true greatness to me. But... don't listen to me, I'm a Claire.
- Well, thank you, Claire.
Passei o dia 24 de dezembro correndo para lá e para cá, ajudando minha mãe a arrumar a casa para a noite de Natal. O dia atarefado foi bem-vindo, visto que já fazia mais de um mês que eu estava de férias, sem reais ocupações, o que já estava começando a me frustrar.
Eu tinha começado a ler "Quando é Preciso Ser Forte", que conta um pouco a história do Mestre DeRose, no dia 23, e nas poucas pausas da correria que foi a véspera do Natal, aproveitava para sentar e continuar minha leitura. Estas pausas, porém, acabavam não durando mais do que 5 minutos, e meus pensamentos, sempre se desviando para outras coisas (a principal destas sendo o strogonoff vegetariano que eu fiz para a ceia - e que, sem querer me gabar, ficou delicioso), não me permitiam concentrar na leitura. Tudo isso fez com que eu lesse o mesmo parágrafo inúmeras vezes, sempre que sentava ingenuamente planejando terminar o capítulo.
Como quando se olha por muito tempo para uma palavra ou até para sua própria mão e ela se torna algo estranho, como se você a estivesse vendo pela primeira vez; o parágrafo, depois de tantas leituras, já não fazia mais muito sentido para mim. Isso fez com que quando, ao decorrer do dia, novas pausas surgiram, eu já não tivesse mais vontade de ler.
Hoje de manhã, porém, depois do Natal, depois do ano-novo e depois de uma estadia de 8 dias na praia, eu estava deitada em minha cama, pensando na vida e nas minhas resoluções para o ano que começou. Foi então que me lembrei daquele parágrafo, do qual, por mais estranho e sem-sentido que ele me possa ter parecido no dia 24, eu me lembrava quase que perfeitamente.
"A indecisão, na maioria das vezes, é fruto da insegurança e da imaturidade. Não tendo a coragem de escolher, o estudante quer pegar tudo. Porém, quem tudo quer, tudo perde. É a mesma questão de lealdade, como se você fosse se comprometer afetivamente com duas ou mais pessoas ao mesmo tempo."

Mais precisamente, me lembrei, hoje de manhã, dessa primeira frase, cujo sentido, agora que consegui terminar não só aquele capítulo como também o restante do livro, ficou extremamente claro para mim, além de ter muito a ver com o que eu estava pensando hoje de manhã: 2011 e uma das mais importantes escolhas que eu vou ter que fazer na minha vida.