sábado, 16 de abril de 2011

Não tenho tempo.
Tenho que acordar às 6 horas da manhã e tomar café correndo para não me atrasar para a aula.
Tenho, aliás, de ir para a aula todos os dias, até nos sábados, às 7h10 da manhã, e ficar por lá, sentada naquela cadeira à qual minha bunda já está adaptada, até 12h20; recebendo informações de professores que realmente sabem do que estão falando, já que a maioria deles dá aula a mais de 25 anos.
Tenho 120 exercícios (não-físicos) para fazer todas as tardes, para fixar todas as informações que recebi pela manhã na minha cabeça. Cabeça que, assim como minha bunda em relação à cadeira, em apenas 7 semanas já se adaptou tanto a estudar que está raciocinando e associando as coisas mais rápido do que nunca.
Tenho que praticar yôga pelo menos uma hora por dia.
Tenho que reservar uns minutinhos (e um dinheirinho) depois do almoço para uma sobremesa, nem que seja uma barrinha de Prestígio na banquinha.
Tenho que sair mais cedo para pegar o ônibus.
Tenho que ir ao médico, tenho que ir à psicóloga.
Tenho que andar um pouquinho, sozinha, cantando, sentindo o Sol bater no meu ombro e rindo das buzinadas dos pedreiros. Tenho que atravessar a rua correndo, porque o sinal já vai fechar.
Tenho que comparecer àquelas aulas de aprofundamento, porque física realmente não é minha praia.
Tenho que dormir no sábado à tarde, porque, depois da minha semana, eu mereço.
Tenho, todas as noites, que deitar-me 15 minutos antes de realmente dormir, para esperar minha pomada anti-acne secar.
Tenho que comprar a edição do mês da minha revista preferida, reservar um momentinho do dia para ler reportagens interessantes e outro para olhar para o nada, pensando no curso de jornalismo que eu vou começar a fazer no ano que vem e sobre o que eu vou fazer da vida depois.
- Estudar biologia?! Psicologia?! Me mudar para São Paulo?! Estudar fora?! Ficar por aqui?! Estudar gastronomia?! ABRIR UM RESTAURANTE?! -(E por aí vai)
Tenho que esfoliar meu rosto por um minuto, no banho, todos os dias, e, mesmo quando está frio e eu passo o tempo todo de meia, lembrar de cortar a unha do pé.

Eu realmente não tenho tempo, mas digo isso da melhor maneira possível. Não é como aquele pai que chega em casa cansado do trabalho, querendo desesperadamente dormir, e que é obrigado a dizer ao filho que não tem tempo de brincar com ele. (Por mais dramática que essa família imaginária tenha turned out to be, é só para ilustrar.) Me lembro de ter, a algumas semanas, lido no Twitter de alguém que estava sem carro alguma coisa do tipo "Eu e meu all-star andando a pé pela cidade... Voltei a ser adolescente!", o que me lembrou de mim-mesma, da minha adolescência, que, apesar da gigantesca ansiedade pelos 18, está sendo vivida e muito apreciada agora. Agorinha. Eu e meu all-star. (Nesse exato momento, para ser mais sincera, eu e minha pantufa)
Caminhando por essa cidade, que, aliás, esteve inacreditavelmente ensolarada esses últimos dias, sinto não ter absolutamente nada a reclamar. E a frase do post de hoje, que é nada mais nada menos do que um resumo da minha última reflexão-enquanto-caminho-pela-cidade, não poderia não ser:
não tem nada melhor do que poder viver e ver a vida pelos seus próprios olhos.

(Apesar de, durante a citada caminhada, eu ter cantado "Dancing With Myself" e pensado em como isso também se aplicava ao meu momento. Bom.)

E depois desse post, tudo o que eu quero fazer é voltar para a minha caminha, ler mais uma reportagem da minha revista e dormir. Afinal, depois de toda essa semana, eu realmente mereço.


Finalmente cortei meu cabelo e não preciso mais passar aquelas tardes procurando cortes no tumblr. (Muito menos editando fotos minhas no Hollywood Hair Virtual Makeover.)

larara larara