quarta-feira, 31 de agosto de 2011





domingo, 28 de agosto de 2011

a todos cuja companhia escolhi ter em minha vida

(Tenho, sim, noção do sentimentalismo exagerado do título. Fazer o quê?!
Esse post é uma dedicatória.)

Em Sex and the City, Carrie parece estar constantemente percebendo e questionando sentimentos e comportamentos, em si mesma e em seu círculo social. Essas percepções e questionamentos acabam fazendo com que cada episódio do programa tenha um “tema” específico, sobre o qual a protagonista discursa em seus artigos e ao redor do qual as vidas de todos os personagens tendem a circular.
É engraçado o quanto isso, apesar de parecer não condizer com a vida real e ser só mais uma “coisa de TV”, é, pelo menos para mim, muito comum na vida real.
Chega a parecer que algumas semanas ou meses de minha vida foram cautelosamente programados por alguém tão adepto a “temas” quanto os roteiristas do meu adorado seriado.

Depois da importante percepção que tive na última sexta feira, o desenrolar dos fatos do meu fim de semana parece querer me levar a questionamentos e mais questionamentos sobre o tema “influência”.
Cursos, revistas e falas marcantes desde o último dia da semana têm parecido rondar o significado dessa palavra, fazendo com que o efeito que as pessoas com quem convivemos têm em nós ficasse, de repente, absurdamente explícito para mim.

Eu, apaixonada pelo mecanismo da comunicação, vegetariana, outgoing, praticante de yôga, adoradora da gastronomia e da biologia; acreditava nunca ter sido significativamente influenciada por minha família, que costuma sentar numa mesa de churrascaria, sem falar mais do que o estritamente necessário uns aos outros (para melhor aproveitar a “fartança” do rodízio, com certeza), voltando para casa logo depois da refeição, sem nem parar para a sobremesa, tendo como planos em mente não fazer nada pelo resto do dia.

Por muito tempo, essa aparente falta de influência de minha família em mim me frustrou.

Como meus pais e meu irmão trabalham fora, criei com o decorrer dos anos o hábito de freqüentar casas de amigos durante a semana, e é curioso o que essa experiência me faz. Quando nessas casas, sempre me pareceu claro o quanto as principais características de meus amigos eram derivadas de seus pais, de sua família e do jeito como eles encaravam o mundo. Na minha casa, e eu não entendia por que, nunca pareceu ser assim.

Sentindo-se excluída por mim e pela minha ignorância dos fatos, no entanto, a influência resolveu bruscamente se manifestar, chacoalhar minha cabeça e abrir meus olhos. E funcionou. Aqui estou eu para afirmar: ela está aí. Sempre.

Muitas vezes, por todas essas divergências na hora de escolher em qual restaurante almoçar, qual seria o assunto discutido durante a refeição e o que faríamos depois; me senti avulsa. Sozinha, como se eu não fizesse de fato parte da família. Isso, apesar de me deixar meio triste, me dava uma sensação de liberdade incomparável, como se eu não dependesse deles (há-há), e como se pudesse simplesmente ser quem eu bem entendesse.

Mas a verdade é que eu não posso. Não é bem assim que as coisas funcionam.

A família sendo o principal dentre eles, fazemos parte, em nossa vida, de grupos de pessoas que nos influenciam constantemente.
Sendo ela boa ou ruim, desejada ou não, visível a olho nu ou só pelo olhar que contraímos quando deitados no divã, a influência que as pessoas com quem convivemos têm em nós é gritante, e, segundo muitos dos textos que tenho lido no fim de semana cujo "tema" é justamente esse, faz parte do funcionamento biológico do ser humano.

As influências que minha família tem em mim são, em grande maioria, daquelas que só se vê sob o olhar da análise. Na superfície, nossas gigantescas diferenças não nos deixam ver o quanto somos iguais.
Acredito que seja justamente esse tipo de influência, a invisível-a-olho-nu, que não nos deixa, assim sem mais nem menos, ser quem quisermos, escolher quem queremos ser.

Não é simples a percepção do quanto nossos laços sociais nos afetam. Mas é uma consciência necessária.
Apesar de não termos como escolher nossas famílias, temos, sim, como escolher se convivemos ou não com elas.
Temos como escolher, a todo instante, com quem convivemos, e, consequentemente, por quem nos deixaremos influenciar.
E isso é quem sabe o mais perto de “ser quem bem entendermos” que eu, minha família e você jamais vamos chegar a conquistar.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Hoje decidi não estudar.
Uns minutinhos após o almoço até peguei na apostila e dei uma lida em biologia, mas acabei trocando a maravilha que é - e não estou sendo irônica - a análise cromossômica por uma deliciosa tarde com o lap top no colo, comendo morangos e biscoitos salgados no sofá da minha avó.
Passei, e eu lamento, tempo demais contemplando a vida alheia no Facebook (esse negócio é mesmo viciante), mas os focos internáuticos (me odeio por ter usado essa expressão idosa) hoje foram outros: a procura por receitas interessantes (estou planejando fazer hambúrguer de cenoura na semana que vem) e, principalmente, a leitura de blogs (de minha própria autoria) da década passada. (Estou amando parênteses hoje).
Agora, enquanto a tarde vai se aproximando do fim e eu vou percebendo o quanto deveria ter maneirado com os biscoitos salgados; sinto-me um pouco diferente.
Passar tanto tempo convivendo com sentimentos antigos explicitados pela escrita sempre gera em mim um tipo de estranhamento gostoso. Escrever sempre fez parte do meu cotidiano, diferentemente desses 120 exercícios diários que eu tento, mas nunca consigo terminar, e ler a mim-mesma é uma atividade profunda que chega quase a ser uma terapia.
Esses momentos-exclusivamente-meus são raros, e a amplitude deles é ainda maior do que aqueles meus banhos, que às vezes chego a demorar mais de 15 minutos para tomar. Essa ideia de conviver, ao mesmo tempo, com quem sou, com quem fui, e, quase que consequentemente, com quem pretendo um dia ser, me faz um bem inexplicável. Lembrar do que eu sentia uns cinco, seis anos atrás me reintegra e abre meus olhos para a absurda e linda diversidade que existe aqui, dentro de mim mesma, o que inclusive me faz questionar a estúpida intolerância que cultivamos contra a diversidade que existe entre as pessoas.
Passei algum tempo pensando nisso hoje à tarde, entre um site de receitas e outro; e sentindo uma saudade engraçada de cada uma entre todas as eus que já fui.
Sei que existe um mundo incrivelmente complexo por dentro de cada uminha de nossas membranas citoplasmáticas, e que, se esticada, toda a fita de DNA proveniente de todas as nossas 60 trilhões de células teria aproximadamente 102 bilhões de quilômetros. A maravilhosa complexidade do ser humano, no entanto, com certeza vai muito, mas muito além do plano físico. Ela está em nossa mente, em nossa história, está no que gostamos de chamar de "eu", ou, como constatei hoje à tarde, "eus".
A compreensão e o estudo disso, além da escrita, são com certeza aspectos que quero aprimorar ao longo da minha existência.
Queria ter mais tempo para isso, e menos tempo para superfícies equipotenciais no campo elétrico uniforme em minha vida. No entanto, por enquanto é justamente isso que me aguarda.
Resta-me apenas esperar pelo que o futuro me guarda.
(Esse jogo de palavras não foi intencional, mas até que ficou legal.)
(Ai ai, não consigo parar de rimar)