sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Sobre meu guarda-chuva e um milhão de teorias furadas

Naqueles dias de verão em que o calor é grudento e a sensação de daqui-a-pouco-vai-cair-um-toró é constante, costumo andar por aí com um guarda-chuva gigante, daqueles com um cabinho pontiagudo em cima, na mão. Assim me sinto invencível: além de eu não me molhar, ninguém vai querer me assaltar / estuprar / sequestrar / perseguir / fazer mal enquanto estiver com aquela quase que arma na mão.  Com ele me sinto tão segura que, em um desses dias de verão, cheguei a fazer a burrada de atravessar a rua sem antes olhar para os lados. Felizmente, porém, nada aconteceu.
Foi nesse mesmo dia - em que, aliás, nem choveu - que me deparei com um carinha adorável andando de bicicleta no centro da cidade. Trocamos olhares por uns segundos, o que foi um daqueles momentos gostosinhos da vida, e depois seguimos nossos caminhos, o que foi normal. Eu estava indo até a banca à procura da revista Piauí de fevereiro, e o destino dele era provavelmente para o mesmo lado que o meu, porque a gente acabou se cruzando - e se olhando - de novo. Foi quando entrei na banca que percebi não só que nunca mais o veria, mas principalmente o quanto é fácil se apaixonar por uma coisa que tem poucas chances de dar certo - principalmente quando a coisa que tem poucas chances de dar certo é assim tão adorável.

Por que será?
Isso me faz lembrar do hábito bem comum - principalmente entre nós, mulheres - de querer quem não nos quer.
Por um lado, quem sabe seja simplesmente a vida conspirando contra nós. Vivo vendo meus ônibus passeando por aí, mas, quando estou no ponto, aguardando um deles, o tempo de espera já chegou a mais de 50 minutos. Além de uma gigantesca falha no sistema de transporte desse país, isso fala sobre o quanto as coisas são naturalmente mais complicadas quando as queremos. Porque, assim como quando estou caminhando por aí e encontro o Interbairros sem querer; quando, amorosamente falando, já estamos com alguém, chove coisas com muita chance de dar certo em cima de nós. Já quando estamos sozinhas...
Será que Freud explica? Porque, mesmo a vida e sua conspiração contra nós tendo sua parcela de culpa, nós temos uma maior ainda: quando é que a gente (lê-se: eu) (e essa história já não tem mais tanto a ver com o ciclistinha-adorável) vai parar de querer desafios amorosos? Será que nunca? Será que sem desafio não tem graça? No pain no gain?

Já dei muitas chances, se não para o amor, para aqueles caras (em grande maioria bizarros) que insistem em ligar e querer me ver.

Mas, no final das contas, para quê dar uma chance para toda essa falta de desafio, se eu já me sinto tão segura e protegida por aí em companhia do meu guarda-chuva?

Um comentário:

  1. haha, o interbairros é um trairá mesmo! e atravessar a rua sem olhar? mocinha, voce nao é imortal! haha!
    enfim, curti muito seu texto!! beeijinhos na bunda da sua fã n.1

    ResponderExcluir