quarta-feira, 18 de abril de 2012

Não tem como, além de tudo, ainda fazer sentido

Não estava acostumada a acordar cedo no fim de semana (e veja só como o mundo dá voltas...), mas, mesmo assim, como eu estava apreciando caminhar pela Gutemberg, no sol forte do meio dia, depois de uma manhã de sábado cheia.
Caminhadas sozinha pela cidade me agradam. (Já mencionei isso, quem sabe, alguma vez?)
Mas, aquele dia, quem sabe pelo sono, pelo sol muito-mas-muito forte ou pelo fato de aquela ser, afinal de contas, a Gutemberg; foi especial.
A escola tinha organizado um fim de semana temático sobre orientação profissional, e, depois de 3 palestras super interessantes sobre as profissões mais promissoras dentre as oferecidas em uma lista um-tanto-quanto-promissora, eu tinha combinado de encontrar meus pais para o almoço.

Recém-completados 15 anos, aquele sol batendo no coco.
"O que fazer da minha vida?" "Psicologia parece legal." "Mas e arquitetura?" "Não, mas jornalismo..."
Um sorriso no rosto.
Preocupações?

Eu tinha tempo.
O que eu sentia, mesmo assim, era mais do que simplesmente "ter tempo".
Era ter a vida pela frente. Possibilidades. Incertezas. Caminhos desconhecidos. Novidades. Ansiedades.
Preocupações?

O tempo passou. Nem tanto, vou confessar, mas passou.
De repente, o tempo sumiu.
Possibilidades, incertezas, caminhos desconhecidos, novidades e ansiedades se veem ofuscadas, agora, por novas sensações que chegaram.
Preocupações.

Queria o tempo de volta.
Não voltar atrás, não avançar para frente.
O tempo, agora.
Queria ler, pensar melhor, ter mais tempo sozinha, ter mais tempo acompanhada.
Baixar umas músicas, aprender coisas engraçadas com meu avô, praticar minha coreografia de Yôga, escrever textos que me agradem.
Mas onde foi parar o tempo?

A parede em que colo meus resumos, pouquinho por pouquinho, está colorida e bonita.
Deito na cama antes de dormir e, tendo oficialmente abandonado a leitura de Memórias de um Sargento de Milícias, decoro mais um pouquinho.
Não a parede.

Queria um tempo para ler as longas e inúteis reportagens da Piauí. Ou as mais inúteis ainda colunas da Tpm. Queria um tempinho. Tem tanta coisa inútil por aí...

Hoje, andando pela Gutemberg, meus pensamentos eram tão diferentes...
Aquele salão da esquina é um roubo, mas minha sobrancelha ficou tão bonita da última vez...
Estou precisando fazer a sobrancelha.
Mas domingo tem simulado.
Sim, simulado.
Não tenho tempo de fazer a sobrancelha.

(atá)

É difícil ter aquela sensação de liberdade do sábado-na-Gutemberg-aos-15-anos.
Preciso me esforçar, por mais ridículo que isso possar parecer, para lembrar que ainda tenho toooooodas aquelas possibilidades.
Isso porque preciso me esforçar para fazer uma escolha.
Divulgam-se as datas dos vestibulares, daqui a pouco abrem-se as inscrições, e daqui a pouco lá estou eu.

Domingo tem simulado.
Sim, simulado.
E ele parece que vem só para me lembrar.

Me lembrar do poder que uma folha - simples, branca, A4, cheia de bolinhas pintadas por uma esferográfica azul - tem de me levar para onde eu quero.

Mas onde é que é isso, mesmo?

2 comentários:

  1. Fazer escolhas é tão difícil, não?
    Jubirubi

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  2. adoro a gutemberg, alias, saudades dela! bjoka na bundinha da sua fã numero 1

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