terça-feira, 3 de abril de 2012

Reflexões de uma vestibulanda leiga com o cérebro deteriorado pelo cansaço

Pelo primeiro em muitos dias (sendo um deles o domingo cuja manhã eu passei trancafiada numa sala de aula, parcialmente me lamentando e parcialmente prestando atenção no que diziam os professores), me peguei sentada de bobeira, diante de uma mesa mais cheia de farelinhos de borracha do que minha mãe gostaria e de uma tabela-de-tarefas repleta de xizes: missão cumprida. Pelo menos por hoje.

Engraçado que eu cheguei, esse último sábado, a visitar, dentre alguns outros dos quais também já estava com saudades, o meu blog. Minha reação ao ler o que eu mesma tinha escrito foi extraordinária.
O que acontece é que o encantamento com o fato de eu e toda aquela galera estarmos no cursinho todos os dias (leia-se: ATÉ NO DOMINGO) correndo atrás dos nossos sonhos vem se esgotando a cada dia que passa. Isso na mesmíssima velocidade em que eu, depois de muitos e muitos dias estudando que nem uma louca e marcando muitos e muitos xizes cor-de-rosa naquela bendita tabela, passo a me sentir cada dia mais burra.
Como já dizem aquelas charges que meus amigos postam no Facebook (USP dois mil e nunca para mim, citando charges do Facebook ao invés de filósofos ou sociólogos): escola é lavagem cerebral.
Ao mesmo tempo em que posso às vezes me deleitar com a ideia de ter ali, na minha frente todo santo dia, professores inteligentíssimos me ensinando tudo o que a ciência já oficializou como correto a respeito de nós e do nosso mundo; vou falar bem a verdade: não sinto estar aprendendo muito. E isso não só porque eu estou é revisando esse ano o que aprendi durante toda a minha vida escolar ano passado, mas principalmente por aquela tal de reação extraordinária que eu disse que tive, lendo meu próprio blog no sábado.
"Como é que eu conseguia escrever assim, tão certinho, antes das aulas de acentuação do Carreira?"
Foi uma pergunta que invadiu minha mente aos pouquinhos, como quem não quer nada, e que, quando devidamente instalada, causou um choque do qual ainda não posso dizer que me recuperei.
Então é isso? Seria o cursinho pré-vestibular mais uma conspiração maquiavélica das grandes corporações para afanar dinheiro de cidadãos inocentes? Deixando seus alunos, coitadinhos, cada vez mais burros e dependentes de fórmulas, e macetes, e musiquinhas imbecis, para realizar o sonho de ser médico passar no vestibular?
Ou deveria eu simplesmente largar essa paranoia (e essa mania de riscar as palavras) folha de papel na qual agora escrevo, dar mais uma estudada, fazer uma permanência significativa em vajrolyásana, começar a resolver aquela prova da Fuvest que eu imprimi semana passada, fazer uma máscara de argila para minhas espinhas ou continuar a abandonada-por-mais-tempo-impossível leitura de Memórias de um Sargento de Milícias?
Quem sabe eu deveria é terminar aqueles exercícios de história de semana passada.
O que me lembra de uma coisa que pensei ontem, a caminho do restaurante por quilo onde costumo almoçar: assim como a gente estuda as civilizações antigas, tipo Mesopotâmia e Creta e tudo mais; um dia vão estudar, perplexos, a nossa civilização. E eu me pergunto como vai ser a reação desses caras quando verem, além de cadáveres com silicone em localidades sugestivas enterrados por aí (como diz a minha mãe numa piadinha que ela não se cansa de contar), vestígios desse nosso ilógico método de "ensino".

Não sei se fiz sentido falando tudo isso, nem se conseguiria fazer, sem as devidas aulas cursinhais sobre o assunto.
Acho que estou é ficando maluca.
A única coisa que eu efetivamente sei é que agora, simples e felicissimamente, eu vou deitar na minha caminha adorada e dormir.
Fiz essa decisão.

Diz que dormir ajuda a assimilar o aprendizado do dia.

4 comentários:

  1. Se conselho fosse bom a gente não dava, vendia. Mas mesmo assim aqui vai o meu: não se mate de estudar agora, deixe isso para depois das férias de julho.
    Funcionou pra mim, hoje uma feliz estudante da USP

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  2. Oi Veva, tudo bom ? É realmente muito cansativo seguir a risca a disciplina das aulas e
    exercícios do Cursinho. Pessoalmente cheguei a conclusão que oque nos completa como pessoas
    é colocar a mão na massa, ou seja, conhecimento advindo da prática( empirismo ).

    Além do mais, é muito injusto estudar matérias desnecessárias para a vida,
    na ânsia de acertar uma ou outra questão a mais. Mas foram eles que decidiram que seria assim
    e neste caso estaríamos apenas nos submetendo a isto, na confiança de que seremos bem sucedidos.

    Se assim como eu, também concorda que este evento é injusto, infeliz, enfadonho e principalmente insalubre. Oque lhe recomendaria é reduzir o tempo de exposição a esta circunstância ao mínimo possível, ou seja, pense desde já em um plano B, aceite o fato de que talvez vc não obtenha o resultado almejado, mas mesmo assim atingirá seus objetivos,
    que é o que importa realmente não é.

    Decida onde quer chegar como PESSOA e não como Vestibulanda, neste caso a Usp, Ufpr, etc não tem nada haver com isso.

    Se passar, ótimo, mas se não passar, talvez este sistema lhe abale ainda mais e não permita que isto aconteça. Tenha certeza desde já que existem milhares de outros desafios mais interessantes do que passar em um vestibular.

    Se o sistema não te leva a sério, também não leve ele muito a sério..

    Meu ponto de vista é, descubra oque gosta de fazer fazendo,
    e não pedindo autorização para fazer.

    bjs

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  3. Hey Vevinha :)
    Pessoalmente, acho que estudar todo dia (o dia todo?) acaba mais atrapalhando do que ajudando mesmo! Tanto que já foi provado que depois de x horas o cérebro já não consegue mais reter informações e ai você vai aprendendo menos e menos :(
    Sei la, acho que o importante é se divertir aprendendo as coisas, como por exemplo o jeito doido que bacterias se alimentam ou as artemanhas de napoleão, etc

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  4. Que saudades da sua escrita!

    beijos!

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