quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

o que fazer quando seu planeta está provavelmente a dois anos do apocalipse previsto por adoráveis povos antigos

Estou deitada na minha cama, meu pijama está com cheirinho de amaciante, e hoje, pela primeira vez da semana, está quente o suficiente para dormir sem meias (pelo menos quente o suficiente para mim, e olha que isso é difícil). Todos aqui em casa estão dormindo. Está tudo bem calmo, e eu, estranhamente, estou gostando do barulho da chuva, que hoje está sendo acompanhado pelo (como se chama, o barulho que faz um grilo?) "canto" de um grilo. Na verdade, não sei se é um grilo ou uma cigarra, ou qualquer outro inseto que "cante", e também não faço ideia de como ele(a) ainda não morreu afogado(a) no meio dessa água toda.
Aliás - sei que tenho falado excessivamente sobre o clima ultimamente, mas - COMO TEM CHOVIDO, HEIM? É chocante, eu não consigo entender como a água das nuvens não acaba nunca, como pode chover a noite inteira e o céu ainda consegue amanhecer cinza.
Me dá medo essa chuva constante aqui em Curitiba (já faz mais de 10 dias que a chuva passou a fazer parte do nosso agradável cotidiano), essa chuva no Brasil inteiro, na verdade; me dão medo essas nevascas no hemisfério norte e esse terremoto no Haiti.
Eu sei que parece idiota, mas eu voltei a acreditar que o mundo pode acabar em 2012, e me dar conta disso, hoje, no carro, a caminho da casa do meu avô, me deu uma vontade desesperada de chorar; uma tristeza, um vazio.

Não quis chorar ali. Meu pai me acharia idiota, se chorasse por isso. Engoli as lágrimas e tentei me acalmar, e logo chegamos ao prédio vermelho onde meu avô mora. Saímos do carro e corremos até o portão, conseguindo chegar relativamente secos até o apartamento 203, onde todos sentamos - demorei demais e meu irmão conseguiu a cadeira que balança -, comemos torrada com patê e conversamos.
Em um certo momento, com um pouco de vergonha, e esperando que meu avô, que sempre lê todos os jornais e sabe um pouco de tudo, me falasse sobre outros desastres, naturais ou não, que andam acontecendo, disse que estava com medo de que o mundo chegasse ao fim.
Ele olhou para mim e riu. Contou para mim que, quando ele tinha 6 anos, as freiras da escola onde ele estudava diziam que o mundo ia acabar em 2000. Contou também que, antigamente, diziam que o petróleo do mundo ia ter acabado em 1980 e que a Terra seria um dia invadida por marcianos.
"Agora," ele disse, "a gente sabe que não existe vida em Marte. Mas, sabe, alguns cientistas estão dizendo que o planeta pode ser povoado."
Então ele começou a falar sobre Marte, e sobre como lá tem água, e carbonato de calcário (ou alguma coisa assim), e sobre o fato que, se plantarem árvores no planeta, em 100 anos, pode ter oxigênio na atmosfera de lá. Tudo isso me pareceu tão maluco, distante e interessante, que acabei esquecendo do meu planeta, e do apocalipse previsto por aqueles pentelhos dos maias para 2012.

De qualquer jeito, mais tarde, depois de comer dois palmitos e um pedacinho pequeno de picanha (eu tinha exagerado nas torradinhas com patê), de assistir Big Brother e de pensar aleatoriamente no sofá (é sempre assim... Acho que seria tão isolada, se fizesse parte do Big Brother ou Será que eu seria eliminada na primeira semana?), tudo voltou à minha cabeça: o mundo, as chuvas, as enchentes, a neve, os terremotos, os maias, o fim do mundo. Me senti mal de novo, e a vontade de chorar ameaçou voltar.
E então? E se isso for verdade? E se nós, TODOS OS BILHÕES DE HABITANTES DO MUNDO, só tivermos mais 2 anos para viver? Argh.
O que eu estou fazendo com a minha vida? Sempre me achei nova demais para me perguntar isso. Mas e se eu não tiver tempo para ser nova demais?
E se eu nunca fizer faculdade, nunca dirigir, nunca me casar ou ter filhos? E, por falar nisso, quem é a pessoa com quem eu realmente gostaria de passar meus últimos anos, meses, dias e tudo mais?
Essa última foi provavelmente a pergunta que me apavorou mais. Eu não consegui chegar a uma resposta, e muitas pessoas que não deveriam ter vindo à minha cabeça nessa hora acabaram sendo incluídas na minha Lista de Pessoas Com Quem Eu Provavelmente Gostaria de Passar os Dois Últimos Anos da Minha Vida.

Desagradável, eu odeio admitir, é provavelmente uma boa palavra para me descrever ultimamente. Não consigo ser agradável. Eu até tento, mas faço tudo errado. Não sei ser aberta e simpática com todo mundo, não sei fingir interesse, não sei conversar com alguém que não conheço direito. Não me sinto confortável com a maioria das pessoas, fico achando defeitos e implicando com a maioria delas, e não sei direito como manter uma "amizade superficial".
Mas isso é ridículo! É ridículo e eu sei que é.
É de uma amizade superficial que surge uma amizade, e uma pessoa obviamente não pode viver só de amizades. Porque essas são poucas, e não vão estar sempre perto de você. Você tem que saber ser sociável, Giovana, tem que aprender a ser aberta, Giovana, em vez de ficar lembrando de pessoas que nem devem lembrar que você existe.
E você era tão aberta! Por que se fechou assim de repente? Qual é a desculpa que você vai usar agora? Daqui a pouco o mundo acaba, 98 anos antes de existir oxigênio na atmosfera de Marte, se esse ano ainda, árvores começassem a ser plantadas lá. Por quanto tempo você ainda consegue aguentar? Por quanto tempo vai se fechar?
Porque eu, sinceramente, gostaria de sair por aí e conhecer pessoas incríveis. Que tal?

Desculpa por:
  • falar tanto sobre o apocalipse e a vida em Marte, que são, provavelmente, duas coisas alienadas
  • falar comigo mesma nos dois últimos parágrafos
  • admitir minha paixão secreta pelo BBB
  • ser tão realista e negativa sem nem estar de TPM
  • ter escrito algo provavelmente comprido e pessoal demais
Eu sei que peço desculpas demais, mas é que achei que devia. Dixculpa por isso também.


Um comentário:

  1. também tou afim de sair e encontrar pessoas incríveis, bora? :)

    PS: se você tivesse no paredão, eu votaria na outra pessoa pra sair, só pra avisar haha

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