quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Foi quando a Voz do Brasil começou a tocar que desligamos o rádio. A partir daí, o silêncio reinou no carro. Eu e minha mãe, de cabelos sujos e completamente exaustas, estávamos prestes a chegar em casa antes das oito da noite pela primeira vez em muitos dias úteis, e, até o momento em que ela recebeu uma ligação de seu chefe, eu estava muito satisfeita, pensando nisso. Pensando em como eu estava ansiosa para chegar em casa, colocar meu pijama, fazer um queijo quente e um chazinho, passar fio-dental com a calma necessária antes de escovar meu dentes, esfoliar bem meu nariz, minha testa e minhas bochechas e ir dormir antes das 9.
Mas, depois dos primeiros 5 minutos da ligação (que durou aproximadamente 15), aquele assunto que vem ocupando por completo minha mente nos últimos tempos voltou à tona. E foi inevitável chegar em casa e escrever aqui, em vez de passar fio-dental com a calma necessária ou esfoliar minhas bochechas. (O queijo quente e o chazinho simplesmente não puderam ser excluídos da minha lista-de-atividades-a-fazer-quando-se-chega-em-casa-antes-das-8, e alguma coisa tinha que ser, para eu conseguir, pelo menos, dormir antes das 9h30).
Mas então.

No começo desse ano, em uma das raras conversas por msn que eu e minha prima cearense temos (todas envolvendo relacionamentos), ela me disse uma frase da qual nunca me esqueci. Eu estava falando sobre um cara com o qual estava saindo, sobre como ele era interessante e beijava bem, mas nunca me ligava durante a semana. Ela, depois de muitos hmms e ahams, me disse para deixá-lo de lado.
"Mas eu gosto dele", foi o que eu lhe respondi. "Eu não queria gostar dele, mas aconteceu, sabe?"
"Ah, eu sei que gosta. Mas é bem isso, sabe. Eu sei que não tem que querer para gostar de alguém. Mas tem, sim, que querer para conseguir não gostar."
Quando ela me disse isso, eu fiquei encantada. Pareceu tão fácil. É só isso. É só eu querer não gostar, é simples.
Só que não é. Pelo menos não para mim.

Quando é esse momento? Quando é que sabemos que queremos "parar de gostar de alguém"? Nas vezes em que estive apaixonada, esses momentos nunca foram interessantes. Eu nunca soube pular fora na hora certa. Sempre esperei até o último momento. Aquele momento onde fica realmente claro que não dá mais. Aquele em que ele tira sarro de mim publicamente, ou começa a ficar com minha melhor amiga, ou, last but not least, aquele em que eu o encontro num almoço a dois com outra, em pleno feriado. Quando momentos como esses chegam, fica claro. Nesses momentos, eu tive uma vontade genuína de não gostar mais desses caras. E, realmente, minha prima estava certa. Funcionou.
Mas, deveria ser diferente, dessa vez. Sabe, eu deveria ter aprendido alguma coisa, depois das tantas vezes em que quebrei a cara. Mas não.
Eu continuo me esforçando, tentando fazer ele perceber, querendo passar tempo com ele enquanto me torturo por não poder tocá-lo. Continuo tendo aquela esperança, tentando ler os sinais, justificando o que ele faz de ruim, me deixando passar tempo demais pensando nele e não tendo vontade de deixar de gostar dele.

E o que é que eu vou fazer?

Nenhum comentário:

Postar um comentário