sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

sentimental heart

Acabei de ler um texto que eu já tinha esquecido que tinha escrito, no meu antigo blog.

Era do começo de 2008, mas sobre meu primeiro ano na França, 2005.
Era sobre como eu era apaixonada por um menino chamado Lars - com quem eu nunca tinha tido coragem de falar - e sobre como eu era triste e solitária, por eu falar francês muito mal e não conseguir conversar direito com ninguém, por eu falar demais sobre meus sentimentos - fossem eles meu amor por Lars ou a raiva que sentia por uma menina que paquerava ele - e, é claro, pelo fato de que esse menino não gostava de mim, e achava graça em tudo o que aquela outra menina falava.

Bem. Não era sobre isso que eu queria falar. É que os sentimentos meio que voltaram. Foi uma fase difícil para mim. É difícil ter onze anos. Ainda mais sob estas adoráveis circunstâncias.

De qualquer jeito, o que eu queria dizer é que eu estava pensando sobre como, no final daquele texto, eu falei sobre o fato de eu ter abandonado alguns dos meus hábitos quando começou meu segundo ano fora do Brasil; sobre como decidi me "descomplexar", fazer amigos e abandonar meu iPod e meu diário nos intervalos da escola.
Me pareceu uma boa decisão, na época.
Mas agora, eu não sei exatamente.

Durante todo o meu segundo ano na França, ou uma boa parte dele, eu estive acompanhada. No ano seguinte, arranjei o meu primeiro namorado. Depois, arranjei o meu segundo, do qual já falei um bocado (Felizmente, só no meu antigo blog. Já faz algum tempo que eu finalmente o esqueci)

Voltei para o Brasil em 2007, o que interrompeu não só o que era para ser o meu terceiro ano na França, mas também meu "primeiro namoro sério" (não sei por que coloquei entre aspas, porque, mesmo eu tendo 13 anos na época, aquele foi meu primeiro e último namoro sério) (não último porque eu nunca mais vá ter um namoro sério, mas sim porque não tive nenhum namoro sério desde então).
Mesmo me sentindo horrível e querendo voltar para a Europa, onde eu me sentia bem e aonde já tinha criado novos hábitos - que definitivamente não combinavam com os hábitos das pessoas daqui -, eu continuei sendo uma pessoa aparentemente alegre e social.
Quem sabe porque eu tinha um namorado (mesmo à distância, achávamos que íamos conseguir, sabe, manter o relacionamento) (haha). Quem sabe porque alguma parte minúscula, minúscula mesmo, de mim estava animada em começar tudo de novo. Ou quem sabe porque eu realmente gostava de passar essa imagem para as pessoas, o que eu acredito ser a possibilidade mais válida das três. Se bem que a possibilidade 1 também é lógica.

Bem, aqui no Brasil, foi assim por um tempo.
Consegui manter essa imagem de menina alegre e social durante meio ano, e, mesmo tendo sido muito difícil para mim, eu não acredito que tenha sido algo do qual possa me orgulhar.
Porque, depois que esse meio ano acabou, o meu eu-sofredouro-da-sexta-série voltou, e com ele, todos aqueles hábitos que estiveram escondidos bem no fundo de mim por tanto tempo.
Ao perceber o que estava acontecendo, minha primeira reação foi querer fugir daquilo de novo. Para mim, ser tudo aquilo que eu era na sexta série - mesmo extremamente sentimental sendo a única caracterísitica na qual consigo pensar, eu sei que eu era muitas outras coisas, boas, ruins, e tanãnã - significava não ter amigos, ser sozinha, triste, sem ninguém.
Mas será que eu estava certa? Será que fugir disso era a melhor solução? Às vezes eu me sinto como se aquilo, o eu-sofredouro-da-sexta(-e-também-da-oitava)-série, fosse simplesmente eu.

É que também, às vezes, e muitas vezes, eu não entendo na minha cabeça que é assim, que as pessoas fingem e se mostram diferentes do que elas "realmente são".
Mas é assim sim, e acho que não adianta eu passar a vida inteira sendo verdadeira se isso quer dizer que eu tenho que estar sozinha.
E me dói, pensar isso. Eu quero ser verdadeira. A maior parte do tempo, eu acho que eu sou.
Isso me deixa feliz comigo mesma.
Mas eu cansei de ficar sozinha. Será que isso é ruim? Cansar de ficar sozinha? Estou entediada de mim mesma. O que que eu posso fazer? Nada está me animando. Eu estou ficando desesperada. Acho que não consigo mais escrever. Acho que eu não vou conseguir explicar nada do que eu estou sentindo quando for para a psicóloga, e não consigo fazer com que os tópicos que eu estou anotando antes da minha consulta - para não esquecer NADA quando estiver lá, o que acontecia muito quando eu ia no meu outro psicólogo - façam sentido.

Ah.
E acho que estou de TPM.
E com uma vontade louca de comer macarrão.

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